Como lidar com familiar usuário de drogas?
20/05/2019
Realmente é desafiador lidar com um familiar dependente de drogas. Há um exemplo bem conhecido na mídia brasileira sobre esta batalha. Walter Casagrande, comentarista de futebol, em sua luta contra as drogas nos últimos anos, ficou 13 meses internado em uma clínica de reabilitação. Ele abriu o coração e fez relatos do vício em cocaína e heroína, além da revelação de ter atuado dopado em quatro jogos na Itália. A autobiografia ‘Casagrande e Seus Demônios’ (Globo Livros) foi escrita em parceria com Gilvan Ribeiro, editor de esportes do jornal Diário de S. Paulo. A experiência do comentarista esportivo, estimula uma séria reflexão sobre o drama dos viciados em drogas e o sofrimento dos familiares. Abaixo algumas dicas importantes:
Dicas para pessoas que têm familiares que usam drogas:
1. Você nunca vai conseguir fazer com que o seu familiar pare de usar drogas se ele não quiser mudar. A decisão é dele e ninguém consegue mudar outra pessoa se ela não está disposta a ser ajudada. Muitos familiares de pessoas adictas a alguma substância pensam que estão ajudando quando escondem bebidas alcoólicas (no caso de familiares alcoólatras), quando jogam fora drogas, mas isto só faz com que a pessoa dependente da substância fique mais nervosa ainda (e talvez violenta) e adquira mais drogas novamente (gastando mais dinheiro). Entender que você é impotente para mudá-lo sem que ele queira é fundamental.
2. Permita que o usuário sofra as consequências do uso da droga, sem ficar “abafando” estas consequências – isto acelera o processo de decisão dele com relação ao tratamento.
3. Não permita que colegas e nem a própria pessoa utilizem a casa como ponto de drogas. Caso contrário, afirme que terá que denunciá-lo e realmente faça isto.
4. Não resolva os problemas que ele cria por causa das drogas: dívidas, cobrir cheques sem fundo, resolver brigas com outras pessoas, pois tudo isto a pessoa que tem a dependência tem que viver até mesmo para que ela caia na real do que está acontecendo com ela. Quando os familiares encobrem demais comportamentos ruins de um adicto, isto só faz demorar mais ainda para que o usuário resolva se tratar. Então, deixe que ele enfrente e encare as consequências ruins de seu comportamento, sem pena. Isto não é ser mau, isto é se proteger, não se prejudicar por causa de comportamentos errados de outras pessoas e até mesmo ajudar a outra pessoa a perceber o estrago que está causando não somente na própria vida, mas na vida de outras pessoas.
5. Não compare seu familiar com outra pessoa “modelo” porque isto aumenta a irritabilidade dele.
6. Procure desaprovar comportamentos destrutivos sem atribuí-los às drogas. Em vez de falar algo como, “Você fica irritado assim por causa das drogas!”, prefira colocar o lado negativo do comportamento dele, “Quando você fica irritado assim é ruim para você e para a gente.” Mencionar as drogas pode dificultar o processo de ele ouvir você, porque estará sempre com “um pé atrás” se você vai criticá-lo por usar drogas ou não.
7. Envolva algum outro parente para ajudá-lo a fim de que não fique pesado para um só familiar. A família dele também deve envolver-se nessa tentativa de ajuda. Conte para alguém em quem você pode confiar, na família dele (se eles ainda não sabem) e peça que esta pessoa converse com ele dando apoio à recuperação dele.
8. Você deve estabelecer limites para o seu familiar. Todos os familiares que possuem algum membro de sua família usuário de alguma substância, deve estabelecer limites. Quais seriam estes limites? Se o fato de seu familiar usar a droga está prejudicando o seu lar, estabeleça limites firmes, sem medo. Cada familiar, dependendo do grau de prejuízo que um familiar usuário de drogas ou de álcool esteja trazendo à família, deverá escolher estes limites, que podem ser:
a) Comunicar ao parente adicto que da próxima vez que o fato acontecer, não mais ajudará a cobrar dívidas, e a aliviar o “peso” das consequências e realmente fazer isto quando o próximo incidente acontecer (porque se você não fizer, não vai adiantar nada);
b) Informar que, caso os mesmos episódios continuem a acontecer você terá que tomar providências como: chamar a polícia ou chamar uma ambulância (quando a pessoa fica agressiva e quer bater) em vez de ficar ajudando, socorrendo, se protegendo sozinha;
c) Dependendo do caso, se está acontecendo abusos e agressões físicas ou muitas vendas de tudo em casa para a compra das drogas, avisar para o parente que infelizmente ele terá que se separar de você e que só voltará quando ele decidir se tratar, quando já estiver em tratamento (porque alguns vão uma só vez, só para ter a família de volta, e depois tudo volta à mesma coisa horrível) ou poderá ficar caso decida se tratar. Caso contrário, a separação será necessária por questões de proteção sua e dos bens que vocês possuem.
9. Procure, você, um grupo de ajuda mútua chamado Amor Exigente ou Nar-Anon, que é para familiares de pessoas que usam drogas. Neste grupo, outras pessoas que passam pela experiência que você passa se encontram e dão e recebem apoio e orientações com relação à forma de lidar com esta situação.
10. Oriente seu parente a buscar ajuda no NA (Narcóticos Anônimos). Lá ele encontrará pessoas que estão em tratamento e em abstinência química que fortalecem uns aos outros a permanecerem “limpos”.
11. É difícil levar o viciado a aceitar que ele precisa de ajuda. Normalmente eles negam isto, negam a dependência. Por isso, em vez de criticá-lo com palavras duras, dando um “sermão”, procure dar evidências claras dos comportamentos errados dele que são causados por causa da dependência dele. Por exemplo, se ele chegar a um ponto de perder os sentidos e desmaiar no chão da sala, deixe-o ali em vez de levá-lo para a cama, para que ele, quando acordar, veja o que aconteceu com ele. Se ele quebrar alguma coisa em casa, mostre para ele e diga: “você se lembra que você fez isto?”, com um “tom” de fazê-lo perceber e não de condenar. Você o ama, mas você não ama o que ele faz. E ele tem que saber disso. Seja amável, mas firme.
12. Ofereça ao seu parente tratamento. Ligue para o Grupo Reinter e informe-se sobre os tipos de tratamentos oferecidos. Ofereça ao seu parente a sua companhia para que ele vá a uma consulta. Ele pode se manter na negação, tipo: “não preciso disso” ou “é coisa de louco” ou “eu não estou viciado”, ou ele pode aceitar. Se ele aceitar, vá com ele na consulta. Esta é uma possibilidade de dar apoio. Se ele não aceitar, nós do Grupo Reinter iremos te orientar em como proceder com uma internação involuntária ou compulsória.
13. Lembre-se de que você pode ajudá-lo, mas não é responsável pela cura dele. Esta responsabilidade é dele!
Quando internar?
A internação é necessária quando:
- O indivíduo dependente fica perigoso(a) para si e/ou para os outros (ex: fica agressivo(a), tenta o suicídio);
- Apresenta problemas clínicos ou psiquiátricos graves, exigindo cuidados intensivos;
- É incapaz de parar a droga, não conseguindo fazer o tratamento em Ambulatório.
Texto adaptado de biblia.com.br | Informe-se em www.GrupoReinter.com.br Fale conosco também via Whatsapp 11 94248-1001